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Primeiro de maio na Venezuela

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Por IELA em 02 de maio de 2007

Primeiro de maio na Venezuela
02/05/2007
Por Elaine Tavares – Jornalista no OLA
Enquanto no Brasil as grandes centrais sindicais seguiam com sua tradicional política de oferecer festas com sorteios de carros apartamentos no Dia do Trabalhador, retirando da data histórica todo o seu potencial de protesto e reivindicação, na Venezuela, o governo bolivariano anunciava novidades para a vida dos trabalhadores. A primeira delas foi o aumento do salário mínimo, que será de 20%, passando para 614 mil bolívares, o que equivale a 286 dólares, configurando-se assim no maior salário mínimo da América Latina, superior inclusive ao do Chile.
Só para lembrar, no Brasil, o salário mínimo equivale a 180 dólares. “Cada dia mais recursos serão destinados aos pobres e em 2021 não haverá mais pobreza na Venezuela. Levaremos a cabo a Missão Cristo e seguramente quando essa data chegar, teremos pobreza zero”, disse Chávez, conclamando ainda ao povo à diminuição do consumo desenfreado, motor do capitalismo. Durante o anúncio do aumento do salário mínimo, o presidente venezuelano ainda aproveitou para fazer um chamado aos dirigentes sindicais, pedindo que se coloquem a altura do processo que a Venezuela está vivendo, evitando a criação de divisões internas.
Para os funcionários públicos, o presidente garantiu o salário mínimo, mais um abono de 450 mil bolívares, elevando o piso para quase 500 dólares por trabalhador. Além disso, os demais trabalhadores da iniciativa privada já recebem alimentos e remédios subsidiados de 50% até 90% de seu valor, através do sistema Mercal, de Mercados Populares.
Outras duas medidas anunciadas foram a da diminuição da jornada de trabalho para seis horas diárias, de forma gradual até 2010, e a criação de uma Lei de Estabilidade no Emprego que será entregue ao parlamento para discussão. O presidente bolivariano acredita que assim, os trabalhadores estarão mais seguros e firmes na disposição de construir um país melhor.
Do ponto de vista da macro-política, também foi anunciada neste primeiro de maio a nacionalização de todas as empresas petrolíferas estrangeiras que atuavam na franja do Rio Orinoco. Agora, o Estado bolivariano terá no mínimo 60% das ações dessas empresas, chegando a 100% caso elas decidam sair do país. As reservas petrolíferas da região nacionalizada – que perfazem uma área de 55 mil quilômetros quadrados – tem quatro grandes campos e detém as maiores reservas do mundo, com um volume previsto de 300 bilhões de barris de petróleo.
Foi um primeiro de maio bastante significativo para as gentes da Venezuela, afinal, estas novidades no campo do trabalho eram há muito reivindicadas pelos trabalhadores. Chávez, mais uma vez, nada mais fez do que “mandar obedecendo”. É certo que o horizonte do socialismo ainda está muito distante, mas, passo-a-passo, o povo venezuelano vai caminhando. Durante esses 10 anos de governo, muitos foram os percalços, golpes e ataques, que impediram o fluxo normal das mudanças. Mas, agora, mais estável e com as grandes questões resolvidas, chegou a vez dos trabalhadores.
Chávez também sabe que há ainda muito a discutir com relação ao mercado informal, por exemplo, que é soberano na Venezuela. Abrir novos postos de trabalho e discutir outras possibilidades de reprodução da vida devem ser as prioridades para os próximos meses.
 

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