Início|Sem categoria|Primeiro Encontro Nacional da Rede Brasileira de Estudos Latino-Americanos

Primeiro Encontro Nacional da Rede Brasileira de Estudos Latino-Americanos

-

Por IELA em 19 de outubro de 2009

Primeiro Encontro Nacional da Rede Brasileira de Estudos Latino-Americanos
Por Elaine Tavares  – jornalista
19.10.2009 – O Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA) promove nestes dias 22 e 23 de outubro, o Primeiro Encontro Nacional da Rede Brasileira de Estudos Latino-Americanos, a REBELA. Estarão reunidos em Florianópolis, pesquisadores de inúmeras universidades brasileiras dispostos a questionar a realidade do continente desde a perspectiva do pensamento crítico. O encontro inaugura uma articulação que até então existia apenas no plano do intercâmbio virtual das informações. Com este primeiro seminário de debate sobre a pesquisa que se realiza hoje no Brasil, no campo da América Latina, O IELA dá mais um passo no sentido de romper com a tradição intelectual brasileira que tem se caracterizado por certa distância das influências marcadamente latino-americanas. Com freqüência ouve-se que o Brasil está de costas para a América Latina e isso contém, de fato, uma dose grande de verdade, particularmente quando se refere às ciências sociais. Mesmo com o recente e crescente interesse de nosso país pelos assuntos da região, especialmente importante quando diz respeito aos temas que envolvem o Mercosul e a Unasul, ainda se está muito longe de consolidar, nas universidades brasileiras, um trabalho de reflexão permanente sobre a realidade latino-americana.
Precisamente para superar esta lacuna, O Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade Federal de Santa Catarina, decidiu criar e coordenar a Rede Brasileira de Estudos Latino-Americanos (REBELA), com o intuito de organizar o esforço que atualmente muitas universidades desenvolvem de maneira isolada.
A formação da Rede implica, obviamente, na unificação de um programa de pesquisa sobre a realidade social de nosso continente que compartilhe os mesmos pressupostos teórico-metodológicos e o mesmo horizonte político: rigor científico, pensamento crítico e a conquista de um continente soberano, unificado e pós-capitalista, no terreno da política. A condição para participar da REBELA é, portanto, manter seminários, disciplinas, projetos e iniciativas intelectuais, de maneira permanente, nas universidades brasileiras, na graduação e no sistema de pós-graduação. Implica, pois, em reconhecer a própria região – marcada pela dependência e o subdesenvolvimento – como o objeto de estudo que merece a reflexão sistemática relativamente aos grandes problemas políticos, econômicos, sociais e culturais, que deverão ser analisados a partir de uma ciência própria, que evite o eurocentrismo, tendência dominante nas ciências sociais.
Na corrente do pensamento crítico que marcou época em décadas anteriores em muitas universidades latino-americanos, o programa de pesquisa que é unificado na REBELA reconhece a dependência como o principal problema da região, razão pela qual nenhum dos graves problemas sociais poderão ser resolvidos sem a superação da mesma, que perpetua o subdesenvolvimento. As sucessivas ondas modernizantes, impulsionadas de fora para dentro, e aplicadas sem reservas a partir do Estado latino-americano, não somente são incapazes de resolver os problemas da desigualdade e da injustiça, senão que são precisamente as causas pelas quais essas características se perpetuam sem solução definitiva em curto prazo.
Os centros filiados na REBELA estão, portanto, comprometidos a dialogar nesta linha de pesquisa, consolidando, nas universidades brasileiras, estudos sobre nossa realidade relacionados a qualquer aspecto da vida social. Mas é preciso insistir no caráter permanente destes estudos sujeitos às restrições da política oficial – não existem linhas de pesquisa apoiando estudos latino-americanos – e fugir dos modismos que, de maneira recorrente, surgem na universidade. A situação do continente, marcada nos últimos anos pelo crescimento da luta de massas, requer a cada dia uma atitude intelectual, rigorosa em termos teórico-metodológicos, e, ousada na política, contribuindo para a recuperação de um tipo de intelectual que não teme compromisso com seu povo e possui clareza de que a relação entre conhecimento e política não admite a hipótese da “neutralidade científica”.
Esta nova situação política da América Latina, resultado da modernização capitalista impulsionada a partir da solução capitalista à crise da dívida externa no início da década de oitenta, colhe agora os frutos da rebeldia e da contestação. A função da teoria neste momento é, então, decisiva. Os adversários ao rigor teórico não residem exclusivamente na universidade latino- americana, mas inclusive no seio do próprio movimento popular que, não ingenuamente, também cultiva certo ranço anti-intelectual que tem sido nocivo para consolidar mudanças que favoreçam as maiorias latino-americanas.
O encontro da REBELA acontece no Hotel São Sebastião, no Campeche e será aberto apenas aos pesquisadores. Estes apresentarão seus projetos de pesquisa em andamento e receberão a critica dos colegas, visando consolidar uma proposta teórico-metodológica comum. O apoio é da FAPESC e do BRDE.
 
PARTICIPAM DA REDE BRASILEIRA DE ESTUDOS LATINO-AMERICANOS
FURB/Fundação Universidade Regional de Blumenau
UEL/Universidade Estadual de Londrina
UEM/Universidade Estadual de Maringá
UEPB/Universidade Estadual da Paraíba
UFCG/Universidade Federal de Campina Grande
UFES/Universidade Federal do Espírito Santo
UFPE/Universidade Federal de Pernambuco
UFSC/Universidade Federal de Santa Catarina
UNIOESTE/Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Cascavel
UFRGS/Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFJF/ Universidade Federal de Juiz de Fora
UFF/ Universidade Federal Fluminense
UFRJ/ Universidade Federal do Rio de Janeiro – Lema
Informações: com Elaine no 48.99078877

Últimas Notícias