OLA – Observatório Latino Americano
Grupo de leitura, discussão e pesquisa dos clássicos do pensamento crítico Latino-Americano. Os seminários são mensais e abertos para quem lê os textos completos.
O OLA foi criado ao final de 2005, através de convite feito pelo prof. Nildo Ouriques a um grupo então reduzido de estudantes. Estes, cursando, sobretudo, as fases iniciais do curso de Economia, tomaram desde o início para si a tarefa de organização coletiva como grupo de estudos, atuando em três frentes indissociáveis: a leitura dos clássicos da ciência social crítica na América Latina; a realização social desta leitura através de encontros para discussão e debate das obras; e, ainda, o desenvolvimento de projetos individuais de pesquisa, forma autônoma de verificação na realidade da importância e atualidade dos conceitos e categorias estudados em cada leitura.
Este grupo, inicialmente restrito, ampliou-se não somente em número, mas também em importância, devido às atividades desenvolvidas. Tal processo de amadurecimento, exigido e condicionado pela necessidade de explicação das transformações sociais em curso na América Latina, explica a razão pela qual têm sido constantes, dentro e fora da Universidade brasileira, intelectualmente colonizada e de costas para a América Latina, os convites para que o grupo participe de atividades como aulas e mini-cursos sobre teoria social na América Latina.
A realidade social na América Latina, complexa e absolutamente sui-generis, inclassficável, portanto, em qualquer forma ou molde teórico alheio às suas condições objetivas, requer grande dose de responsabilidade intelectual e de rigor científico na tentativa de explicação autônoma desta realidade. E, dado que esta tarefa se apresenta de forma irreversível (pois irreversíveis são as mudanças sociais correntes), deve-se somar a essa sociologia necessária para a libertação intelectual a criatividade e a disciplina militantes, componentes que são do comprometimento político que unirá as tarefas de estudo e de transformação da realidade no âmbito de uma mesma práxis.
Esses compromissos e desafios se chocam, em essência, com a lógica academicista própria da forma de reprodução da Universidade brasileira. Um dos mais perversos pilares desta Universidade é a estrutura hierarquizante de seu conhecimento, já colonizado. Sobre esta estrutura se assenta o academicismo e sua lógica alienante e polarizante de reprodução. Cabe-nos nestas linhas destacar o caráter polarizante: a Universidade brasileira aprofunda o saber catedrático e faz do processo de ensino-aprendizagem um medíocre pacto. Como o conteúdo presente em sala de aula está ausente da realidade imediata dos estudantes, o silêncio se instala enquanto estranhamento, e o saber se estratifica, se engessa, perde seu caráter social, se transfigura em um não-saber meramente instrumental. Os professores optam pela via das publicações e da pontuação (caminho mais rápido para suas progressões funcionais e aumento de salários); os estudantes, sofrem a Universidade, feita via-crúcis para um mercado de trabalho ainda pior. O academicismo hierarquiza no processo do conhecimento professor e estudante, subordinando quase paternalisticamente este àquele. A atuação de nosso grupo não pretende transformar estudante em professor ou professor em estudante, mas sim superar esta estrutura polarizante em que se assenta a Universidade brasileira. Por isso, trata-se de uma atuação necessariamente anti-academicista, postura que traz fortes exigências para a leitura, a discussão e a pesquisa.
PARA A LEITURA, o anti-academicismo tem significado para o grupo do OLA sempre a leitura de uma obra completa, objetivando com isso uma interpretação suficientemente ampla e totalizante sobre o autor, seu contexto (tempo e espaço) e sua orientação política. A leitura de uma obra completa exige, desde o início, a definição da prioridade de cada um dos componentes do grupo. Enquanto a Universidade se reproduz da cultura do efêmero, do descartável, da novidade, nosso grupo se concentra em leituras de autores essenciais para a compreeensão social de nosso continente (por serem essenciais é que foram marginalizados na Universidade).
PARA A DISCUSSÃO, o anti-academicismo tem sifnificado o esforço permanente de construção de uma estrutura horizontal e sincera de debate, em que a crítica interna seja condição essencial para a realização da função social do conhecimento. Enquanto a Universidade se reproduz marginalizando a importância social da crítica como denúncia e anúncio, como esclarecimento e construção, reproduzindo o pacto do silêncio, nosso grupo faz dela um instrumento de diálogo, de contribuição e de valorização da posição intelectual de cada membro. É em respeito aos integrantes e em respeito à responsabildiade de estar à altura de explicar e transformar a América Latina que fazemos a crítica, inclusive a nós mesmos.
PARA AS PESQUISAS INDIVIDUAIS, o anti-academicismo tem significado a superação do fetiche existente na Universidade brasileira a respeito da pesquisa, da investigação na realidade dos conceitos e teorias aprendidas bancariamente em sala de aula. Enquanto a Universidade se reproduz restringindo a pesquisa à pós-graduação e aos professores, em detrimento da qualidade do ensino na graduação, nosso grupo faz dela um instrumento de atualização teórico-metodológica, de verificação nas categorias do real da aplicabilidade de teorias e conceitos.
Livros de Referência
Os livros têm atuado como importante elemento de latino-americanização de estudantes, nos levando a contrapor, sempre, a estrutura colonizada e hierarquizante do ensino em sala de aula com a perspectiva crítica e horizontal dos livros debatidos. Atuam, também, como importantes definidores de projetos de pesquisa, estes sendo, na maioria das ocasiões, continuados sob a forma de monografias e dissertações. Em essência, há uma associação entre as tarefas de leitura de qualidade, de debate comprometido com a crítica e a construção intelectual e de elaboração de projetos de pesquisa vinculados à realidade social do continente com as tarefas próprias de se fazer e de se transformar a Universidade.
CAPITALISMO E ESCRAVIDÃO, de Eric Williams;
OS JACOBINOS NEGROS, de C. L. R. James;
ECONOMÍA DE LA SOCIEDAD COLONIAL, de Sérgio Bagú;
SETE ENSAIOS DE INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE PERUANA, de José Carlos Mariátegui;
O DILEMA DA AMÉRICA LATINA, de Darcy Ribeiro; AMÉRICA LATINA: SUBDESARROLLO O REVOLUCIÓN, de André Gunder Frank;
AZÚCAR Y POBLACIÓN EN LAS ANTILLAS, de Ramiro Guerra;
O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO NA AMÉRICA LATINA, de Agustín Cueva;
SUBDESENVOLVIMENTO E REVOLUÇÃO, de Ruy Mauro Marini;
A REVOLUÇÃO BRASILEIRA, de Caio Prado Jr;
AMÉRICA LATINA: MALES DE ORIGEM, de Manoel Bomfim;
TEORÍA Y PRÁCTICA DE LA IDEOLOGÍA, de Ludovico Silva;
O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO NA AMÉRICA LATINA, Agustín Cueva;
SOCIALISMO OU FASCISMO, de Theotonio dos Santos;
EL MARXISMO DE INDIAS, de Jorge Abelardo Ramos;
DIALÉTICA DO CONCRETO, de Karel Kosik;
TERRORISMO E INSURGENCIA, de Manuel Salgado Tamayo;
EL PODER DUAL Y EL ESTADO EN AMÉRICA LATINA, de René Zavaleta Mercado;
INTERPRETACIÓN MARXISTA DE LA HISTÓRIA DE CHILE, de Luís Vitale;
DIALÉTICA DA DEPENDÊNCIA e DIALÉTICA DO DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA NO BRASIL, de Ruy Mauro Marini;
A SOCIOLOGIA DOS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS, de Álvaro Vieira Pinto;
CONSCIÊNCIA E REALIDADE NACIONAL, de Álvaro Vieira Pinto;
O CAPITALISMO DEPENDENTE LATINO-AMERICANO, de Vânia Bambirra;
CAPITALISMO Y SUBDESARROLLO EN AMÉRICA LATINA, de André Gunder Frank;
MITO E VERDADE DA REVOLUÇÃO BRASILEIRA, de Alberto Guerreiro Ramos.
Linha do Tempo
Painel Estatístico
Uma maneira fácil de encontrar os principais dados das economias latino-americanas
Lançado na XIII Edição das Jornadas Bolivarianas, o Painel Estatístico do IELA é uma ferramenta de pesquisa que busca reunir as principais estatísticas necessárias para pensar melhor a realidade latino-americana. A ferramenta traz dados atualizados divididos nas três grandes categorias da economia política: Capital, Trabalho e Renda da Terra, além da categoria Mercado Mundial, que reune os dados do comércio exterior e fluxo internacional de capitais.
A ferramenta não apenas apresenta os dados atualizados como cria tabelas instantâneas, com informações de todos os países da América Latina, tudo através de uma plataforma interativa e muito simples de usar.
O Painel Estatístico é uma criação do economista Tomás Barcellos, quem foi estudante no Colégio de Aplicação da UFSC e desde a adolescência segue o IELA. Participou do grupo de estudos OLA quando aluno da graduação e agora, a partir de toda a sua experiência e conhecimento sobre o continente, entrega esse magnífico trabalho para que todas as pessoas que estudam a América Latina possam melhor compreender a realidade.
Integrantes
Lucas Pottmaier Ávila
Estudante de Relações Internacionais e integrante do Observatório Latino-Americano (OLA)
Davi Antunes da Luz
Estudante de Relações Internacionais e Bolsista de Extensão do Projeto Observatório Latino-Americano (OLA)
Henrique Martins
Estudante de Relações Internacionais e integrante do Observatório Latino-Americano (OLA)
João Victor Targino
Estudante de Economia, Bolsista de Extensão do Projeto Cursos Livres do IELA e integrante do Observatório Latino-Americano (OLA)
Matheus Anlauf
Estudante de Economia e integrante do Observatório Latino-Americano (OLA)
Felipe Maciel Martins
Estudante de Economia, Bolsista de Cultura do Projeto CIRCULA e integrante do Observatório Latino-Americano (OLA)
Vitória Rangel
Estudante de Relações Internacionais e Bolsista de Extensão do Projeto Observatório Latino-Americano (OLA)
Lucas Lima
Estudante de Relações Internacionais, Bolsista de Extensão do Projeto Cursos Livres do IELA e integrante do Observatório Latino-Americano (OLA)
Contato
Sobre como participar:
O OLA busca oferecer aos estudantes a leitura e o debate das principais obras do pensamento crítico latino-americano para que o conhecimento sobre “nuestra América” seja, de fato, anticolonial. A leitura da obra é seguida de um debate no qual todos os estudantes se expressam sobre o entendimento do tema e do autor, construíndo uma análise coletiva. As reuniões são mensais. Informações pelo correio eletrônico: nildorix@hotmail.com