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Venezuela na reta final de mais uma eleição

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Por IELA em 15 de janeiro de 2015

Venezuela na reta final de mais uma eleição

Venezuela na reta final de mais uma eleição Por Elaine Tavares

07.04.2013  – A luta de classes nunca esteve tão visível na Venezuela como agora, quando o país está à beira de mais uma votação para a presidência da República. A oposição, representada pela MUD (Mesa de Unidade Democrática), cujo candidato é Henrique Capriles, tomou fôlego com a morte de Chávez e incrementou a campanha, dando muita esperança para a classe que até 1998 dominou a Venezuela sobre a possibilidade de tudo voltar a ser como era antes de Chávez. Nos dois mais importantes jornais de circulação nacional, claramente apoiadores da candidatura da MUD, Maduro é completamente ignorado e as manchetes estampam a caminhada “gloriosa” de Capriles rumo à vitória. 
Nesse domingo (07.04) a MUD realizou uma grande marcha em Caracas, enchendo a Avenida Bolívar e Capriles discursou bastante satisfeito com a multidão que a oposição conseguiu juntar. Segundo ele, que usa o mesmo mote de campanha do presidente Obama, dos Estados Unidos (Sí, podemos), agora, finalmente a Venezuela será livre e a movimentação de gente na capital mostra que no 14 de abril a vitória será da MUD. Capriles e seus aliados tem centrado a campanha em desqualificar Nicolás Maduro, sempre referenciando que ele é apenas um “humilde chofer” e por outro lado têm feito muitas incursões pelas Forças Armadas, tentando ganhar apoio desta categoria que é fundamental para a continuidade do processo democrático.
Nicolás Maduro tem viajado pelo país e reunidos multidões. Sua campanha está centrada em defender o legado de Hugo Chávez e tudo o que o bolivarianismo conseguiu conquistar nesses 14 anos, tais como a participação popular, as nacionalizações, as políticas sociais e, sobretudo, a garantia do poder popular. Maduro insiste que a Venezuela não pode voltar ao passado no qual uma minoria governava de costas para o povo. Só resta então seguir adiante, aprofundando ainda mais o processo de construção do socialismo. Maduro insiste que a caminhada da revolução vai continuar avante e é isso que a população espera, ainda bastante impactada com a morte daquele que chamam de “meu comandante”.
Ao longo de 14 anos, Hugo Chávez provocou importante mudanças estruturais, sendo a mais importante, justamente, o sentimento de que é na maioria da população que se encontra o poder. Assim, a participação popular no processo de transformação, através da tantas missões, criou uma prática que não permite retorno. Daí ser nas comunidades empobrecidas onde se concentra a maior força do bolivarianismo. A força de Capriles está mais concentrada no estado de Miranda, no qual a maioria da população é de classe média e anti-chavista. Também encontra abrigo na fina região de Altamira, em Caracas, onde descansa a elite capitalina. Assim, fica bastante demarcada a luta de classe que sempre dominou o processo na Venezuela desde que Chávez conseguiu incutir na população a certeza de que são os pobres, os trabalhadores, a maioria, enfim, que precisa pegar as rédeas do país.
A imprensa internacional, em grande parte, insiste em menosprezar Maduro, afirmando que ele é uma mera sombra de Chávez e que tem pautado sua campanha em cima do nome do companheiro morto.  Mas, de qualquer forma, não poderia ser diferente. A presença de Chávez ainda é bastante visível em todos os lugares. E, nesses dias em que se celebram os 30 dias da morte do líder bolivariano, seu nome segue em evidência. Não vai ser fácil para Maduro separar-se da imagem de Chávez, e ao que parece, ele nem quer isso.
Durante seus discursos de campanha Maduro procura sempre lembrar o trabalho feito por Chávez, mas já imprime um jeito todo seu de expressar-se e de conduzir a política. Por vezes, exagera nas palavras e acaba sendo bastante criticado pela oposição. Mas, ao se observar o discurso de Capriles seria algo como o roto falando do rasgado. Se Maduro se expressa de maneira simples e contundente, deixando escapar algumas bobagens, Capriles, escondido pelo verniz de classe dominante não deixa de dizer coisas estúpidas também. Assim, não será isso que definirá a política na Venezuela. O que vai definir os votos dos milhões de venezuelanos no dia 14 de abril é a promessa de continuidade do legado de Chávez, a defesa da Constituição, a manutenção do poder popular.
Nos últimos anos, mesmo sem ser obrigatório o voto, o índice de presença nas urnas na Venezuela tem sido muito expressivo e desta vez não será diferente. Espera-se que mais de 80% dos aptos a votar compareçam às urnas. No país que viveu o maior número de eleições nos últimos anos, a população se prepara para mais uma batalha. Agora será a hora de observar se o bolivarianismo fincou raízes ou não.  

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