Como atuam os “think tanks” estadunidenses
Texto: IELA
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Fotografia: © Newsday / J. Conrad Williams, Jr.
Em tempos nos quais o conservadorismo cresce mundialmente junto com os valores de ódio e de intolerância, voltamos a falar do sepultamento da humanidade do período nazista. No dia 23 de outubro ouvimos com atenção a Werner Reich, um dos sobreviventes do holocausto que ficou conhecido como o “Mágico de Auschwitz”, no auditória da Reitoria da Universidade de Coimbra. Atualmente com 92 anos de idade, Werner era uma criança quando foi levado ao campo de concentração Auschwitz-Birkenau, em 1944.
Certamente esse é um dia que ficará marcado na memória daqueles que estiveram presentes no auditório da Universidade de Coimbra e puderam ouvir o relato do homem que sobreviveu ao extermínio sistematizado e burocraticamente organizado de todos os considerados impuros, não alemães.
Em um auditório com mais 500 pessoas, Werner foi recebido com ansiedade por muitos dos jovens estudantes que ali estavam presentes, e muitas outras pessoas assistiram o evento do lado de fora. Segundo o organizador do evento, ele aceitou falar com a condição de que seu relato chegasse aos jovens. Atualmente avô e vivendo nos Estados Unidos, Werner relatou que passou a ser conferencista como uma maneira de garantir que aquela tragédia jamais fosse esquecida.
Nascido em 1928 foi enviado aos 16 anos ao campo de concentração em Auschwitz Birkenau local onde seis mil judeus foram executados. Como judeu fez parte de um grupo denominado Birkenau Boys, formado por 96 escolhidos a esmo por Dr. Josefe Mengele, que era médico e passou a ser conhecido como o “anjo da morte” ou “anjo branco”. Mengele escolheu Werner para executar trabalho escravo e foi assim que conseguir escapar da execução, sendo libertado na Áustria pelas tropas americanas em 1945. Quando escapou, Werner se considerou “livre”. Chegou à Iugoslávia dominada por Marechal Tito e mesmo apoiando o comunismo, Werner, como judeu, foi sempre visto e discriminado como um “outsider”.
Em tempos de um mundo cada vez mais conservador, em que valores fundamentalistas exalam em distintos níveis e ambientes, Werner nos fez enxergar o quão primitivo ainda somos. Esta nossa capacidade de pensar o mundo, de atribuir sentido à realidade e transmitir aos outros está desencontrada. Somos capazes de culpar uns aos outros por aquilo para o qual não temos uma resposta imediata. Culpabilizar os judeus para as crises econômicas na Alemanha foi a justificava mais ahistórica que já vivemos, para justificar destruir e dizimar todos aqueles considerados “racialmente inferiores”.
A história ainda vive sua infância e aqueles que hoje ouviram estarrecidos os relatos de um sobrevivente dos campos de concentração certamente voltarão às suas casas incomodados. Não é possível ouvir e ver aquelas cenas e não pensar sobre elas. O darwinismo social ainda tem muita força e acaba como justificativa para as arbitrariedades que ocorrem em todo o mundo. Muitas das ações contra os imigrantes, os oriundos de países mais pobres, nos fazem lembrar que a crença na superioridade racial ainda subsiste dentro da sociedade. Werner, o “Mágico de Auschwitz”, aprendeu a fazer magia como mecanismo para escapar da completa desumanização, como fez o também sobrevivente Primo Levi, que mais tarde se suicidou.
Todavia, Levi deixou seus escritos como uma forma de contar aos outros o que viveu. Como ele mesmo disse, não era uma maneira de expor e ressaltar novas denúncias, ao contrário, queria demonstrar as almas infectadas, que, coordenadas ou não, permanecem entranhadas na origem de um pensamento violento, dentro de um sistema que estimula a competição e o individualismo.
Para Werner, enquanto isto existir, nunca estaremos livres de fato. Ele finalizou sua fala dizendo que podemos voltar a viver um novo Holocausto em maior ou menor violência, porém enfatizou que é preciso gritar contra isso, sem passividade, para que a aparente surdez comece a ouvir.
Texto: Rafael Cuevas Molina - Presidente AUNA-Costa Rica
Texto: IELA
Texto: IELA
Texto: Elaine Tavares
Texto: Rafael Cuevas Molina - Presidente AUNA-Costa Rica