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Por Gilberto Felisberto Vasconcellos em 04 de novembro de 2022

Foto retirada de vídeo que circula na Internet – Deputada atira em homem na rua

Grande feito histórico o de Lula por ter derrotado Jair Bolsonaro, mas essa pestilência ainda não foi suprimida. Ela está aí, viva e atuante, expressão da burguesia rentista e do agrobusiness pop, tendo ramificações no sub empreendedorismo e comércios da pequena burguesia.

Segundo quem entende do assunto, o fascismo só pinta se tiver no pedaço uma pequena burguesia enlouquecida. Esta deu as caras no crepúsculo do governo com os celerados caminhoneiros papagaios da Bíblia Damares. Esses infelizes têm sua educação sentimental ouvindo os sertanejos universitários. Com o uatizapi anacoluto da bolsonaro’s Family os caminhoneiros ouvem menos Roberto Carlos que os sertanejos agrotóxicos do aquecimento global.

Lula ganhou a batalha mas não ganhou a guerra híbrida. O perigo é ser seduzido pela sereia da telenovela com a qual a direita dá o golpe e a esquerda a perdoa.
A tendência masoquista da esquerda é passar a mão na cabeça da direita golpista. Amargando alguns meses na cadeia de Sergio Moro em Curitiba, o inconsciente de Lula tem repetido que foi enterrado vivo pela burguesia liberal. Esse sofrimento atroz (enterrado vivo é foda) não cessa de repercutir em seu inconsciente.

A cova foi cavada e preparada (lembrem-se do finado Arnaldo Jabor) pelo sistema de rádio e televisão. Aí, aliás, encontra-se o principal fator responsável pelo bolsonarismo, essa linguagem de programa de auditório na política. A genealogia da imoralidade bolsonara está na derrota cívica do CIEPS e no triunfo “news” das televisões. Eu não acredito nos foliculários arrependidos da crueldade movida contra Lula. Merval, Castanheda, Sardenberg, orientados por Kamel, podem retomar a artilharia a depender do fluxo e refluxo da luta de classes.
Se porventura o governo Lula não entregar o time para o imperialismo, e se for a favor da Pátria Grande Latina, o pau vai cantar.

O presidente Lula certamente precisará ouvir o recado de Leonel Brizola: governe com uma televisão sua dentro do Palácio ligada 24 horas por dia. E com os trabalhadores ao pé de si, diria o velho Floresta: radicalizar é tomar as coisas pela raiz. Se conciliar, se Lula conciliar, isto é, seguir o mesmo roteiro de Paulo Guedes, o queridinho da TV Globo e de Fernando Mitre, o tombo será inevitável. O que se configura nesse paradoxo é que a sociedade radicaliza Lula, e não este.

Não deixa de ser curiosa a comparação com Getúlio Vargas, a quem Lula parece volver no final, depois de ter sido adversário no início, porque agora na oposição à barbárie da burguesia bolsonara medra o legítimo desejo de se imortalizar na história.

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