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Achille Lollo: uma perda inestimável

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Por IELA em 03 de agosto de 2021

Achille Lollo: uma perda inestimável

Achille Lollo nasceu em 1950. Salvatore Lollo, seu pai, comunista italiano e resistente, prisioneiro nos campos de concentração e de trabalho fascista, participou da guerra de libertação na Itália e na Iugoslávia.
Em abril de 1973, aos 23 anos, Achille Lollo e outros dois companheiros da organização Potere Operaio (Poder Operário) foram acusados de ação contra dirigente neo-fascista que resultou em duas mortes, reconhecidas pela Justiça como não intencionais. O caso foi e segue sendo explorado pela imprensa de direita e neo-fascista italiana.
Achille Lollo passou dois anos em prisão preventiva e, em liberdade condicional, em 1975, refugiou-se em Angola, onde prosseguiu sua militância internacionalista, colaborando ativamente com o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), com a Organização do Povo do Sudoeste African (SWAPO), com o Congresso Nacional Africano (ANC). Participou da organização da imprensa escrita e radiofônica do Estado e do Exército revolucionário angolano. Em1980, acompanhou como correspondente de guerra os combates contra a invasão sul-africana do pais.
Durante os dez anos em que trabalhou em Angola, foi duramente assediado por instituições do Estado italiano e por dirigentes neo-fascistas, sob as mais diversas e estapafúrdias acusações.Achille Lollo jamais negou a responsabilidade das consequências inesperadas do ato no qual participou, negando-se sempre ao “arrependimento” (“pentitismo”) de suas convicções de comunista internacionalista, que lhe garantiria o fim da perseguição que golpeou a ele e consequentemente a sua família.
Em 1986, casado com cidadã luso-angolana, com quatro filhos, transferiu-se para o Brasil, onde trabalhou inicialmente como professor de italiano. Militando no PT (Força Socialista), em junho de 2004, participou da fundação do PSOL. No Rio de Janeiro, de 2004 a 2010, dirigiu três prestigiosas revistas de esquerda, “Nação Brasil, Conjuntura Internacional e Critica Social” e produziu múltiplos documentários sobre as lutas sociais na América Latina, com destaque para a Colômbia e a Venezuela.
No Brasil, seguiu o assédio que conhecera em Angola. Em 1994, esteve preso, por quase um ano, na Polícia Federa do Rio de Janeiro, devido às perseguições das autoridades italianas.Em janeiro de 2005, prescreveu a pena de dezoito anos de prisão a que fora condenado, mantendo-se milionária pena de ressarcimento econômico – um milhão de euros – que lhe impede de possuir qualquer bem.
Em 2010, com problemas de saúde, retornou à Itália, dedicando-se profissionalmente à agricultura ecológica, atividade comprometida pela Pandemia. Seguiu escrevendo, como comunista sem partido, sobre a situação internacional para publicações de esquerda, sobretudo do Brasil e da Itália. Achille Lollo faleceu, hoje, pela manhã (Itália), no hospital de Trevignano Romano. 

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