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De como se fabrica a marca Marçal Pablo

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Por Gilberto Felisberto Vasconcellos em 26 de setembro de 2024

De como se fabrica a marca Marçal Pablo
Edir Macedo e o dinheiro no Maracanã
Aconteça o que suceder, trata-se um vencedor por revelar e disso se aproveitar que a sociedade brasileira, em especial a de São Paulo, está acometida de uma grave enfermidade psicótica interclassista. Um charlatão e demagogo que metaforseou a blasfêmia em fake news. Marçal Pablo é o lidimo discípulo de Olavo de Carvalho que instrumentou a teologia da prosperidade, o equivalente nas ciências sociais da ideologia do empreendedorismo. Cada político é um publicitário de si mesmo. O púlpito de Edir Macedo entra em sintonia com os empreendedores do sociólogo tucano Jorge Caldeira.
O desvario da pobreza como calamidade pública em São Paulo não se redime com a lembrança do banqueiro Barão de Mauá. O homo qualunque da esquina só não fica ricaço se não destravar a mente baixoastral que o deprime. O que destroça essa trava, essa treva, esse exu é o candidato taumaturgo que já foi paupérrimo, filho de faxineira como gosta de repetir o tempo todo, mas que ficou endinheirado, opulento, milionário. Capitalista, segundo o senso comum, é o sujeito que vive às custas do rendimento dos seus capitais, muitas vezes sem ter ocupação alguma.
Marçal Pablo não é trabalho produtivo, nunca produziu uma alpargata, nunca tapou um buraco em sua rua. Trabalhar é besteira. O lance é a mentalidade liberada pelo espirito santo para fazer dinheiro, se possível honestamente, se possível… O que está escancarado em sua personalidade eleitoral, e que é essencial em seu anti-comunismo, é o seguinte: quem não tem dinheiro não tem razão. Preste atenção, eleitor badameco: você não está bem de vida porque a sua mente está cheia de coisa ruim, e a principal é a demonização do dinheiro feito pelo comunismo.
O que há de mais insano é que a promessa do bem-estar não é um futuro melhor generalizado, e sim o presente imediato para o eleitor que acredita ficar rico mimetizando o candidato. Por isso é que não tem a menor importância o programa ou a programática do candidato. O dinheiro chapado, nu e cru, ofusca inteiramente o que é dito ou insinuado pelo programa.
Marçal Pablo é sigla do dinheiro, e o dinheiro é Deus. Marçal Pablo converte-se aos olhos do eleitor em Deus do dinheiro. Quanto mais pobre o eleitor mais o dom da graça, o carisma do dinheiro.
A moeda Marçal é a célula do eleitor. Não se cansa de repisar que a instituição Banco, da qual é um dos proprietários, pede ser democratizada com o voto Marçal, ou seja, o seu eleitor pode vir a ser dono de banco.
O pobre, o favelado só se libera espiritualmente com o grito catártico “viva o capitalismo”. O tesão do eleitor de Marçal é o capitalismo. A noção de prosperidade é copular com o dinheiro, então não pega a acusação que identifica bandido com roubo de dinheiro, porque a sociedade brasileira como um todo é uma sociedade bandida: a bandidagem do dinheiro e o dinheiro da bandidagem.
O mais notável símbolo material da felicidade é o dinheiro. O candidato pós-Bolsonaro atualizou a apologia da mercadoria feita por MacLuhan: o dinheiro é a mensagem. O novo rico mitomaníaco do dinheiro ambiciona ser prefeito de São Paulo sem que nele se observe traço algum de atender à esfera pública tida por ele como o lugar do “marxismo cultural”, que é uma asneira exótica divulgada entre nós por Olavo de Carvalho que, verdade seja dita, o coitado não teve tempo em vida de fazer seu pé de meia com os mecenas “Véio da Van” e o Presidente Jair Bolsonaro.
O charlatão pop candidato a prefeito é um bolsonarista que não depende das benesses do ex-capitão para alcançar voo na extrema direita da avenida Faria Lima.
A dúvida é se a burguesia bandeirante, quase que inteiramente “compradora” e dependente, considera a candidatura Guilherme Bolos uma ameaça ou um constrangimento para os seus negócios.
A “democracia” não é um fator a ser levado em consideração nem por Bolsonaro, nem por Marçal nem pelos evangélicos. A burguesia de São Paulo tem uma longa tradição, teórica inclusive, segundo a qual o capitalismo é contra a democracia e a favor exclusivamente do lucro. Digamos que já deglutiu o meteco Tarcísio, o “Bolsonaro técnico”, assim como poderá tolerar outro meteco aventureiro para participar do banquete do poder, por mais disruptivo, instável, escandaloso que venha a ser do ponto de vista criminal o “liberdad carajo” do riverão Tietê.

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