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Decadência ou Revolução

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Por IELA em 29 de agosto de 2022

Decadência ou Revolução

 

Cena do filme “o dragão da maldade contra o santo guerreiro”, de Glauber Rocha

Saudades de Samir Amim
Revolução desde 1948 é socialista ou não é revolução.
Karl Marx achava que a revolução na Europa estava prestes a eclodir. O que aconteceu, à exceção do 1917 soviético e da Cuba insular, foi um longo processo de decadência segundo Samir Amir, o marxista que no Egito formulou o conceito de eurocentrismo.
A decadência é o que se desenvolve.
Para Rui Mauro Marini a análise política começa pela superexploração da força de trabalho. É o método para o conhecimento da totalidade social.
É ambígua a relação da burguesia bandeirante com a ditadura de 64. Esta é ruim por suprimir a democracia, mas empreendedora por valorizar o capital estrangeiro.
A TV Globo considera Paulo Guedes um despachante genial.
A burguesia colonial é politicamente covarde e culturalmente desprovida de talento. Não rompe os laços de vassalagem com o imperialismo.
Nuestra burguesia é a pior inimiga do povo do ponto de vista imediato. O imperialismo é o pior inimigo do ponto de vista mediato.
Reforma agrária só com revolução socialista. O PT foi coquete com o PSDB e a Rede Globo. No PDT de Ciro Gomes tutto va bene, com a teologia Harvard da prosperidade de Roberto Mangabeira Unger.
Trotsky deu a dica às vésperas da Segunda Guerra Mundial: se houvesse invasão britânica, a classe operária deveria estar ao lado de Getúlio Vargas e não a favor do charuto democrático de Churchill. O combate ao fascismo não deve deixar de combater ao mesmo tempo o imperialismo. Erramos ao venerar o doutor Ulisses, o tesudo das Diretas Já. Sem esquecer o dengoso Tancredo Neves pensando em Carmen Miranda.
O PSOL pós-moderno não é um partido com perfil anti-TV. Para o PSOL a mídia é politicamente neutra. A questão do “gênero sexual” não deveria menosprezar a luta de classes como se as relações de gênero não estivessem imbricadas no processo de acumulação de capital e da superexploração da força de trabalho.
A mulher faz o trabalho doméstico não remunerado, integra a classe trabalhadora, ora na economia informal, ora no exército industrial de reserva. O problema cultural atualmente é que a mulher pobre ou pequena burguesa é manipulada pelas mensagens evangélicas.
O que é uma mulher bolsonara?
O que quer uma mulher bolsonara?
O desejo do PSOL pop é cantar e saracotear no Canecão, e não tomar o poder. Não deslembrem que o PT, do qual descende o PSOL, teve a Rede Globo como companheira de viagem contra Leonel Brizola. O PSOL poderá palmilhar a mesma trilha mazoca se ficar compadre da Rede Globo alegando estar em oposição aos evangélicos.
Dizia Frederico Engels que o homem na família era o burguês; a mulher, o proleta. O aforismo segundo o qual a criança é o pai do homem não comove o PSOL; de resto, também não concerne aos pastores porque não é a criança que cacifa o dízimo.
O dinheiro não é um desejo infantil.  
A revolução é abstrata sem o proletariado fabril, por mais que se diga que haja um proletariado sem fábrica. Proletariado nubívago. Proletariado sem mãos.
Uma programática revolucionária exige que a classe operária lidere a massa sobrante e marginalizada.
Proletário e pobretário unidos.
O reformismo burguês não tem condições de integrar a massa trabalhadora nem é capaz de estender socialmente o progresso. Estamos impossibilitados, conforme diria Darcy Ribeiro, de entrar no clube dos ricos.
Os líderes petistas acreditaram na Rede Globo, na Folha de São Paulo, na Bandeirantes, na Record, no Estadão. Despolitizaram os sindicatos e levaram na galhofa a capacidade revolucionária da classe operária.
A luta de classes, ao contrário do que diz o internacionalismo de boutique, está inserida no contexto nacional. A revolução proletária requer a convergência do marxismo com o nacionalismo. A revolução tem de ser nacionalista em países dependentes, daí a necessária assimilação do brizolismo e da esquerda nacional de Abelardo Ramos e Vivian Trías.
O argentino Jorge Abelardo Ramos trouxe a reflexão anti-desenvolvimentista de Trotsky para a América Latina e foi certeiro em sua palavra de ordem: marxizar Bolívar e bolivarizar Marx.
É necessário traçar a genealogia bolsonara a partir da biusiness kilture: corpo malhado, tatuagem, boca de motoca ruidosa, grossura do ouvido porta-malas, desejo de violentar-se e de sofrer no beijobiguibrodê.
Escrevendo carta para Karl Kautsky, Engels referia-se a uma nação dividida entre uma maioria reacionária e uma minoria impotente.
O desenvolvimentismo é a ilusão de um capitalismo nacional. Isso só é possível se o nacionalismo for antiimperialista.
O reformismo é falso quando pretende eliminar a pauperização no sistema capitalista.
O reformismo é conformista. Não temos o direito de mudar a vida.
PT e PSOL, ao invés de levarem adiante o legado da Polop, preferiram alinhar-se à indústria cultural do pop. É o popetêsol. Isso significa ausência de interpretação econômica como se a sociedade fosse movida por reza e show de música.
Vamos cantar!
Vamos orar!
O rentismo da acumulação financeira não quer dizer que o trabalhador de carne e osso tenha desaparecido. Quanto ao desempregado, a burguesia já jogou a toalha: solução é exterminar a massa sobrante.
Uma pequena burguesia desesperada é a condição imprescindível para que haja fascismo.
Com baioneta pode-se fazer tudo, menos sentar-se em cima dela, dizia Napoleão Bonaparte.
A repressão policial é desencadeada em função do progressivo pauperismo, mas este não é o fator determinante da revolução. Esta exige um partido político com direção revolucionária que seja capaz de unificar os oprimidos, os assalariados e os não assalariados. O bóia-fria precisa de teoria revolucionária.
 
 

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