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Eleições na Venezuela

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Por IELA em 24 de novembro de 2008

AS ELEIÇÕES NA VENEZUELA – A VITÓRIA DE CHÁVEZ E A FARSA DA MÍDIA INTERNACIONAL 
Por Laerte Braga – jornalista 
O PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) venceu as eleições em 17 dos 22 estados em disputa e elegeu a maioria dos prefeitos e legisladores municipais no país. O governo do presidente Hugo Chávez perdeu, no entanto, a prefeitura de Caracas. O que não significa necessariamente que essa derrota interrompa o processo bolivariano. O prefeito eleito da capital Antonio Ledezma afirmou em comunicado ao presidente Chávez que “temos diferenças, mas vamos trabalhar juntos pela recuperação de Caracas”.  
Observadores da BBC (British Broadcasting Corporation) afirmaram durante as transmissões feitas diretamente da capital venezuelana no domingo que a derrota do candidato do partido de Chávez à prefeitura da capital não é uma derrota de Chávez. Segundo afirmaram o caráter municipal das eleições levou muitos eleitores chavistas a votarem contra o candidato chavista e não contra o presidente.  
Enero, bairro periférico de Caracas e reduto chavista votou em Ledezma. O motorista de táxi Rafael Landaeta disse à BBC do Brasil que “apoio Chávez por ser o líder desse processo de transformação. O país está melhor e não podemos retroceder, por isso precisamos de mudanças, não podemos ser coniventes com a ineficiência.” Para Landaeta que sempre votou no partido chavista o atual prefeito de Caracas deixou de lado o combate à violência, que é a preocupação de 79% dos venezuelanos. 
Observadores internacionais que atestaram a lisura das eleições (voto eletrônico com voto impresso para garantia do eleitor e portanto, ao contrário do Brasil, à prova de fraudes) concluíram que mesmo não conquistando alguns estados o governo Chávez mostrou força e a preferência da maioria do povo. O dado importante na opinião desses observadores é que uma derrota do partido do presidente seria uma derrota pessoal, já que o próprio Chávez participou ativamente do processo eleitoral de campanha e transformou a eleição num plebiscito. 
A vitória em 17 estados e na maioria dos municípios e legislativos municipais mostra um chavismo forte e presente, que como disse o próprio presidente após conhecer os resultados, “mantém o rumo ao socialismo bolivariano e fará auto crítica para avaliar as derrotas em 5 estados e alguns municípios, dentre eles Caracas. 
Muitos dos eleitos são antigos aliados do presidente que, necessariamente, não pertencem à oposição de direita, ligada aos EUA e envolvida em tentativas constantes de golpe contra o presidente. 
Esse foi outro aspecto destacado por Chávez logo após a divulgação dos resultados: “não podem dizer que não temos democracia. O povo se manifestou de maneira livre e contundente. O que os oposicionistas que venceram em alguns poucos estados e municípios devem fazer agora é reconhecer o triunfo da revolução bolivariana, como nós reconhecemos as vitórias que tiveram”.  
O presidente Chávez deve efetuar profundas mudanças políticas em seu partido e na ação do governo em alguns aspectos considerados falhos para poder reapresentar a proposta de eleições ilimitadas para o presidente da república, se possível ainda no próximo ano. Um desses pontos é o do combate à violência e à delinqüência nas principais cidades do país.  
Os resultados, a vitória do partido chavista, confirmam, por outro lado, os excelentes desempenhos do governo em educação, saúde, habitação e inclusão social de um modo geral. 
A vitória do PSUV foi obtida com mais de 70% dos votos do eleitorado presente às urnas, o que vale dizer, maioria de 2/3 dos venezuelanos aptos a votar.  
A grande mídia internacional, de um modo geral, tem tentado destacar as vitórias alcançadas pela oposição. O objetivo seria enfraquecer Chávez principal líder bolivariano na América do Sul, pelas dimensões e presença econômica do seu país, diante da realidade de um novo governo os Estados Unidos, o de Barak Hussein Obama, fortalecendo a posição de governos aliados e abrindo perspectivas para confrontos e golpes a partir das elites não só na Venezuela, mas na Bolívia e no Equador, além do que alguns observadores internacionais chamam de “domesticação” do governo do ex-bispo Fernando Lugo. 
Essas tentativas em relação a Lugo partem do governo brasileiro temeroso de mudanças profundas no Paraguai, principalmente as que dizem respeito ao tratado que regula as relações entre os dois países no uso da usina de Itaipu. Montado ao tempo da ditadura militar e da ditadura Alfredo Stroessner, o acordo transforma o Paraguai em sócio das migalhas de Itaipu.    
Essa etapa de reincluir a América do Sul e países da América Central como Cuba, Nicarágua e Honduras ao império norte-americano passa pelas eleições presidenciais brasileiras, em 2010, quando o mundo neoliberal conta eleger o governador de São Paulo, José Serra, para suceder Lula.  
Serra cumpriria a função que hoje é de Álvaro Uribe, mas tem custado um preço elevado aos EUA. Uribe é ligado ao narcotráfico e o Congresso dos EUA tem criado dificuldades para a integração Bush/Uribe. Serra é mais palatável e passa apenas por propinas e “negócios”, como foi o governo de FHC. 
A vitória do partido do presidente Chávez está sendo diminuída no noticiário dentro desse contexto o que é de interesse de norte-americanos e União Européia e estranhamente do próprio governo Lula. A queda dos preços do petróleo no mercado internacional como conseqüência da “crise” do modelo neoliberal também se reflete na Venezuela, um dos três maiores produtores e exportadores de petróleo do mundo.  
Um detalhe omitido por essa mídia é que nos poucos estados onde o chavismo perdeu se concentram as elites e classes médias venezuelanas. Classes médias de um modo geral são aquelas que cultuam as Casas Bahia e um monte de carnês para ter a sensação que estão no topo da pirâmide. E não se importam de ser bolas de caçapa para elites piedosas e ajudadoras. Fazem parte do time do tudo é normal, importante é vencer. Ou porque não percebem, ou porque aceitam, deixam fazer.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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