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Guatemala: segundo turno em risco

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Por Elaine Tavares em 10 de julho de 2023

Guatemala: segundo turno em risco

Fotos: do Twitter de Brenda Mejía

O primeiro turno das eleições na Guatemala em 25 de julho deixou a direita tradicional fora da disputa. Os dois primeiros colocados – Sandra Torres e Bernardo Arévalo – são políticos que representam o centro, com uma posição socialdemocrata de cunho conservador. Ainda assim as forças dominantes se negam a aceitar o resultado e agora ameaçam não convalidar as eleições alegando fraude, uma manobra já bem conhecida desta turma em toda América Latina.

Por conta dessa manobra a população guatemalteca foi às ruas em manifestações, atos e marchas exigindo o respeito ao resultado das eleições. As comunidades originárias também estão preparadas para trancar estradas nesta segunda-feira (10.07) caso o Tribunal Superior Eleitoral não confirme de uma vez o que as urnas decidiram. A não oficialização dos resultados veio de uma decisão da Corte Suprema de Justiça que favorece nove partidos conhecidos por seus antecedentes de corrupção na administração pública, que insistem em dizer que houve fraude, o que claramente é só uma tentativa de tumultuar o processo.
A judicialização do processo obviamente tem atrasado a campanha dos dois candidatos que, sem o resultado oficial, não podem sair oficialmente em busca dos votos. Como o segundo turno é no dia 20 de agosto, o prazo fica muito curto.

O dia de hoje vai dar o tom do que pode vir a acontecer na Guatemala caso o TSE mantenha a decisão de não finalizar a jornada do primeiro turno. O certo é que essa confusão toda causada pelos partidos tradicionais, que não aceitam os resultados, pode até fazer com que boa parte dos eleitores que não foram às urnas no primeiro turno decida participar. No primeiro turno, os números de nulos e abstenções chegaram a 60%, uma taxa bastante alta que mostra o completo desinteresse dos guatemaltecos com as eleições. Mas, agora, com todas as marchas e manifestações que vêm acontecendo esses números podem mudar.

O certo é que, apesar de pintarem o candidato Bernardo Arévalo como um comunista e Sandra como uma moderada, os dois pouco se diferenciam no conservadorismo. Nem Arévalo é comunista, nem Sandra é moderada. São dois representantes da mesma velha política liberal que não têm maiores compromissos com reforma estruturais da sociedade. Mas, como sempre acontece quando a classe dominante se vê destituída de seus parceiros habituais, qualquer sensibilidade social que surja nas propostas dos candidatos que não são os seus é vista como perigosa para o sistema. Daí a necessidade de barrar.

As mobilizações seguem nas ruas e hoje pode haver trancamento de estradas.

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