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Danilo, um comunista

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Por IELA em 03 de janeiro de 2022

Danilo, um comunista

Nosso querido amigo e companheiro Danilo Carneiro nos deixou no primeiro dia de 2022 depois de travar, de forma guerreira e sem autocomiseração, uma luta de vida e morte com um câncer na região da lombar – na certa que resultado postergado das violentíssimas e desumanas torturas que lhe foram impostas pelos lacaios e mercenários a serviço do terrorismo de Estado em meados dos anos 70.
É que nosso querido companheiro Danilo Carneiro, militante do PC do B (em seus tempos áureos), foi um dos guerrilheiros que ofereceu sua vida por um projeto revolucionário na construção de uma pátria socialista. Tal como Primo Levy que nunca se absteve de trazer consigo os ecos de Auschwitz, Danilo Carneiro encarnou a tarefa de contar, sob a forma crítico-analítica, as razões da luta no Araguaia assim como as causas daquela derrota. Marxista em todas as horas, operário na construção de um porvir igualitário, Danilo Carneiro jamais abriu mão da auto-crítica como condição imprescindível à luta de todos os dias.
Durante os anos 80 e 90, enquanto residiu no Rio de Janeiro, foi militante contumaz do Grupo Tortura Nunca Mais! no combate aos vestígios fascistizantes tergiversados e/ou escamoteados no chamado processo de abertura, na anistia aos presos e militantes políticos, nos acordes negociados da Nova República. Sua voz tomada da paixão e ódio de classe nunca deixou em paz àqueles que, sob as tratativas de uma democratização a meia bomba, lhe viraram o rosto imputando-lhe o estigma do trauma e a pecha da loucura. 
Danilo Carneiro, este queridíssimo companheiro, estava radicado em Florianópolis há cerca de 25 anos, e era presença viva, ativa, ferina nos debates e ações do Instituto de Estudos Latinoamericanos da Universidade Federal de Santa Catarina (IELA). Nunca deixou de estudar.
Atravessava as noites atrás das páginas que lhe fornecessem subsídios à compreensão das urgências urgentíssimas do agora. Comunista até o último fio de cabelo, solidário em cada uma de suas ações, não tomava a si os ensinamentos das horas de estudo como quem acumula ativos e os troca no mercado de ações e futuros; pelo contrário, os distribuía a quem se lhe aproximasse, sempre e sempre, trazendo consigo apenas uma exigência em contrapartida: a disciplina e a vontade de qualificar-se. É que Danilo Carneiro sabia que sem a formulação de uma teoria revolucionária ficaríamos fadados a ver os navios atracados no porto das ilusões. Sua presença, sua voz nos fará imensa falta. Nos deixa órfãos, mas nos arremessa pra frente o espectro sonoro de sua palavra. 
Danilo Carneiro presente e sempre!
 

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