A hora e a vez da Venezuela plantada com biomassa
Texto: Gilberto Felisberto Vasconcellos
Aguarde, carregando...
Favela Capão Redondo de São Paulo
As ciências sociais têm dificuldade em construir uma teoria que explique a sedução dos evangélicos e dos charlatães da Bíblia. Antes de tudo a pergunta até hoje irrespondível: o que é que o homem brasileiro não acredita? Não basta a condenação ética de Edir Macedo, Malafaia e Marçal. Não basta invectivá-los como exploradores dos pobres e desvalidos.
A raiva analítica não deve deixar de lado o mecanismo que seduz as massas populares. Lembra-me Wilhelm Reich com o seu livro sobre Hitler, A Psicologia de Massa do Fascismo: a sexualidade que leva à personalidade autoritária a desejar o tirano ou a quem engana o bolso do pobre como o finado Silvio Santos, ou senão os aproveitadores dos dízimos extraídos do subproletariado parvo.
Ingenuidade esperar uma guerra entre os barões do charlatanismo acusando o rendimento de cada um, como se Marçal fosse uma dissidência de Edir Macedo.
Guilherme Boulos, o filho obediente do Lula, não tem a malícia agressiva suficiente para combater a máfia do mal, uma vez que ele está desprovido de uma teoria explicativa sobre a gênese social dos enganadores do povo, portanto não sabe onde está o ponto fraco do inimigo.
É um vexame conceitual supor que Marçal Pablo seja um extraordinário teórico do capitalismo empreiteiro a deter o segredo da pauliceia prostituta.
Há consenso na classe dominante em São Paulo em torno de uma candidatura que não faz uso da caridade cristã. O alvo de seu programa não está no pleno emprego, e sim na existência do dinheiro. O milagre do dinheiro. A multiplicação milagrosa do dinheiro.
A escola primária não deve priorizar as letras, e sim a introjeção infantil do dinheiro, ou seja, cada guri é um empreendedorista, assim como a Xuxa inaugurou o cabaré das crianças na TV Globo.
O fetiche alucinado da mercadoria. O tesão pelo dinheiro. Essa é a lógica das eleições que atrai o povo pobre. Marçal Pablo é incisivo quanto à personalidade egóica a ser seguida: vote em mim que você fica rico. Não é diferente da mensagem dos pastores que vão sozinhos para o céu, não levam ninguém, nem pai, nem mãe, nem time de futebol.
I’m going
to the sky
alone
O espetáculo é o Deus em mim transformado em candidato para fazer do corpo do pobre dinheiro.
Edir Macedo não chegou tão longe.
Blasfemo! Blasfemo! Blasfemo!
Marçal Pablo, não importa se ganha ou não para prefeito, é a expressão da hegemonia internet na direita.
A palavra “socialismo” virou algo anti-popular e anti-humanista, idem a palavra “esquerda”, não apenas por influência das vozes evangélicas. Eis o espetáculo na política: o que aparece é bom e o que é bom não deixa de aparecer.
Texto: Gilberto Felisberto Vasconcellos
Texto: Itamá do Nascimento
Texto: IELA
Texto: IELA
Texto: Elaine Tavares