Peru: que se vayan todos

No último dia 02 de dezembro milhares de pessoas saíram às ruas da capital peruana, Lima, exigindo a renúncia da presidente Dina Boluarte, a exoneração da procuradora geral da Nação, Patrícia Benavides, o fechamento do Congresso e eleições diretas imediatamente para todos os cargos. A marcha denominada “Que se vayan todos” percorreu várias ruas do centro da cidade e acabou em frente ao Congresso da República, marcando o rechaço completo a todos os políticos e o repúdio ao jogo de corrupção que se fortaleceu com a deposição do presidente Pedro Castillo. Há um completo descrédito por parte dos peruanos no sistema judiciário visto que a procuradora Patrícia Benavides afastou do cargo uma das integrantes da Equipe Especial de Fiscais Anticorrupção, bem como suspendeu outro procurador que coordenava outra equipe especial de investigação sobre corrupção. Benavides é acusada de encabeçar uma rede criminosa de tráfico de influência.

Dois dias depois da grande marcha, Alberto Otálora, presidente do Conselho de Ministros que, segundo dizem, é quem realmente governa, veio a público informar que por um decreto legislativo a partir de agora estão mais duras as penalidades para os manifestantes que bloquearem estradas ou serviços públicos. Segundo ele, as penas para os que trancarem estradas podem ir de 10 a 15 anos de prisão.

O anúncio foi feito para impedir que a população peruana volte a se manifestar num grande ato que está marcado para quinta-feira, dia 07. A intenção é esfriar os ânimos e colocar medo nos manifestantes que seguem realizando atividades de protesto desde dezembro de 2022 quando um Congresso envolvido em graves denúncias de corrupção decidiu depor o presidente Castillo que por sua vez havia decretado o fechamento do legislativo, justamente para investigar as denúncias.

No seu lugar assumiu a vice Dina Boluarte que juntamente com Otálora vem governando completamente surda às demandas da população. Por conta da violência policial desencadeada por Boluarte para frear os protestos, dezenas de pessoas foram mortas, feridas ou presas. Ainda assim a população segue realizando marchas e protestos. Esse decreto endurecendo as penas para os que forem presos é mais um ato de violência contra o povo peruano, até porque historicamente é justamente o trancamento de estradas que caracteriza os protestos.

Fotos: @JuanZapata108, da Waika – Periodismo Comunitário – Via Twitter