Quem publica no exterior

A professora Fernanda Barasuol, orientanda de pós-doutorado da professora Camila Vidal DRI/Iela, esteve reunida com pesquisadores do Instituto no dia 15 de setembro, para apresentar os dados de sua pesquisa sobre o perfil dos trabalhos acadêmicos latino-americanos no exterior. Ela vem investigando quem publica nas revistas indexadas e qual o conteúdo que é apresentado por aqueles que estudam a América Latina.

Os dados preliminares mostram que os pesquisadores latino-americanos muito pouco conseguem publicar nas revistas chamadas de internacionais – vinculadas às Relações Internacionais – chegando a no máximo 4%. No que diz respeito ao conteúdo as informações ainda são mais surpreendentes: aqueles que conseguem publicar praticamente não utilizam autores latino-americanos em seus artigos. No geral as referências são europeias ou estadunidenses.

O trabalho de pesquisa ainda está no levantamento quantitativo mas a professora pretende também se debruçar sobre o conteúdo de cada artigo. Sem ainda ter realizado a análise ela revela que há muito pouca novidade nos artigos dos latino-americanos e que não parece haver a preocupação de contar da sua aldeia, com os autores preferindo debater temas já consagrados internacionalmente.

No debate que se seguiu a apresentação dos dados esse foi o tema que mais gerou intervenções. Conforme lembrou o professor Nildo Ouriques, papagaiar o que outros disseram não interessa às revistas de outros países como os EUA ou qualquer outro da Europa. Elas querem saber de pensamento originais que possam ter alguma influência na realidade. Também foi comentado que as chamadas revistas internacionais são, na verdade, nacionais, e elas só publicam o que pode ter alguma relação com a vida da nação onde estão inseridas.

O caminho da pesquisa ainda está nos primeiros passos, mas Fernanda revela o que de certa forma já se sabe: o colonialismo mental e acadêmico segue forte.