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A efervescente Buenos Aires

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Por IELA em 15 de janeiro de 2015

A efervescente Buenos Aires

A efervescente Buenos Aires Por Lauro Mattei – professor de Economia da UFSC 19/04/2011 – Foi-se o tempo em que Buenos Aires representava a primeira parte da palavra BELINDIA da América Latina. Atualmente suas ruas fervilham cotidianamente, não somente devido ao movimento de turistas, mas fundamentalmente pela agitação de importantes parcelas do povo argentino, que há duas décadas estão sendo excluídas econômica e socialmente.
Neste sentido, a Capital Federal representa, neste momento, a síntese de um país que foi destroçado pelo modelo neoliberal dos anos de 1990, modelo este que se apresentava como solução para os problemas históricos do país. Todavia, 20 anos depois de implantadas as políticas estruturantes derivadas do “Consenso de Washington”, o que se vê nas ruas daquela que foi a mais europeia de todas as grandes cidades Latino-Americanas, são contingentes crescentes de pessoas pobres, desempregadas e desamparadas socialmente, ficando sujeitas a todo tipo de exploração e humilhação.
No entanto, as ruas também mostram que parcelas importantes dessa sociedade em conflito estão em movimento, sendo praticamente diárias as manifestações e os protestos de sindicalistas, estudantes, movimentos sociais e movimentos populares. Toda essa movimentação atual está diretamente ligada aos resultados perversos das experimentações de políticas neoliberais, as quais transformaram a ex Suíça da América Latina em um barril de pólvora, tamanha é a insatisfação popular.
Hoje (15.04.11), por exemplo, o final da tarde foi marcado por uma grande manifestação no coração da cidade contra a repressão política e pela liberdade de todos os presos políticos da Argentina e da América Latina, uma vez que a Argentina, diferentemente do Brasil, não joga seus problemas políticos para debaixo do tapete. Foi assim na semana que passou quando um militar com alta patente e com seus 83 anos de idade, foi condenado pela justiça devido às crueldades praticadas durante o regime militar.
Com o título “Libertad a todos los presos políticos del campo popular”, a convocação do dia nacional de luta chamou atenção para o crescimento de assassinatos de jovens em bairros pobres, manifestando-se contra a pena de morte, contra a extradição de militantes políticos que buscam asilo internacional, contra a perseguição aos trabalhadores e estudantes que se encontram em luta, além de defender os campesinos, os negros, os imigrantes e as comunidades indígenas das Américas.
O documento convocatório se encerra com a seguinte afirmação: nos cinco continentes “cada estado capitalista es uma Cárcel de Pueblos”.
Com isso, se percebe – como em outros locais latino-americanos – que segmentos sociais que foram massacrados historicamente estão reagindo e lutando pela construção de uma nova ordem social.
Prof. Lauro Mattei – Diário de Bordo, Buenos Aires, 15 de Abril de 2011.
 
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