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Equador: governo declara conflito armado interno

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Por Elaine Tavares em 10 de janeiro de 2024

Equador: governo declara conflito armado interno

Grupo armado invade canal de TV em programação ao vivo

Grupos de pessoas ligados ao narcotráfico desencadearam uma onda de violência no Equador numa queda de braço contra o presidente recém-eleito, Daniel Noboa, que declarou combate efetivo à criminalidade aos moldes do presidente de El Salvador, Naybe Bukele que vem desbaratando as temíveis “maras”.

Nesta terça-feira, dia 09.01, vários ataques coordenados aconteceram ao mesmo tempo, visando desequilibrar as forças policiais. Motins em diversos presídios, invasão a TV Television, de Guayaquil, ameaças a jornalistas, ataques à universidade em Quito, sequestros de policiais, ameaças de bomba e saques ao comércio deixaram o país em polvorosa. Segundo analistas do jornal La Hora, a ousada ação foi levada a cabo para criar uma espécie de cortina de fumaça garantindo a fuga de duas das principais lideranças dos cartéis do tráfico, Adolfo Macias (Fito), do grupo Choneros, e Fabrício Colón Pico, do grupo Los Lobos.

Por volta das onze horas da noite foi confirmada a fuga de Colón Pico do presídio de Riobalta, província de Chimborazo, onde ele estava preso, cumprindo pena de 34 anos, por sequestro e ameaças à procuradora da República, Diana Salazar, que revelou alianças entre os grupos criminosos com juízes, fiscais e policiais. Ela está ameaçada de morte, mas ainda assim prometeu divulgar nomes de políticos e empresários também ligados ao narcotráfico. E foi essa declaração da fiscal que provocou a reação dos narcos.
Pico assim como Fito, líderes das duas gangues rivais, as maiores do país, estão agora foragidos e o governo oferece uma recompensa por suas cabeças.

Pico é originário do grupo Los Choneros, que vem atuando desde 1990 e era até então um dos maiores do país. A morte de seu líder “Rasquiña” em 2020 abriu várias dissidências e foi daí que nasceu o grupo Los Lobos, liderado por Pico e hoje comandando o tráfico em Quito. E é esse grupo em particular que vem ameaçando a fiscal Diana Salazar bem como pode estar envolvido com o assassinato do candidato à presidência Fernando Villacencio.

Os grupos ligados ao tráfico controlam o transporte e o armazenamento em diversas rotas do país, bem como operam cerca de 20 minas de ouro ilegais além de realizar extorsões junto aos mineradores legalizados. Vem daí os altos lucros que conseguem amealhar.

A onda de violência foi qualificada como a maior já registrada no país e o presidente Daniel Noboa, que já havia declarado o Equador em estado de emergência, lançou o Decreto 111 declarando o país em “conflito armado interno”, dando poderes às Forças Armadas para neutralizar os 22 grupos armados que agem hoje no Equador. Segundo ele todo grupo identificado será qualificado como terrorista e se converterá em objetivo militar. O governo alertou à população a não se deixar levar por imagens e vídeos postados nas redes que buscam gerar o caos. “Informem-se com as fontes oficiais”. Segundo ele, o estado vai agir com rapidez e eficácia, sem conceder aos grupos criminosos.

Hoje as aulas foram suspensas e muitos negócios estão fechados temendo mais confrontos.

O Equador vem de dois governo neoliberais que aprofundaram as desigualdades gerando desemprego e miséria.

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