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Anti-Manifesto

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Por IELA em 09 de março de 2021

Anti-Manifesto

População organizada é o caminho

Um grupo de intelectuais, personalidades e artistas brasileiros lançou um Manifesto no qual se posiciona sobre o atual governo brasileiro. Esse manifesto está correndo o mundo, mas não isento de críticas. O geógrafo e professor Carlos Walter Porto-Gonçalves redigiu um anti-manifesto. Veja a seguir.
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ANTI-MANIFESTO
Entendo a indignação, mas lamento a inabilidade política do Manifesto, que não subscrevo.Apelar ao STF e ao Congresso Nacional depois de tudo que eles vêm fazendo contra o povo brasileiro é deixar o privilégio da critica nas mãos desse governo protofacista.
O povo, aliás, bem sabe o que representam essas instituições e não se reconhece nelas e aí reside uma das principais fontes da aceitação desse desgoverno que aí está. Não precisamos defender essas instituições pelo simples fato de serem criticadas por esse regime militar sancionado por essa democracia procedimental (STF e Congresso “instituições que vêm funcionando normalmente”).
Foram essas instituições que fizeram o impeachment da Dilma e o impeachment preventivo do Lula impedindo-o de se candidatar em 2018, como vão impedi-lo em 2022.
O mesmo pode ser dito da ONU. Um discurso que pede intervenção externa implica uma completa descrença na capacidade do povo brasileiro resolver seus problemas e pode legitimar intervenções até mesmo de um imperialismo humanitário, como o do Sr. Macron (que costuma, toda manhã, consultar as casas financeiras para saber como vai governar a França) e mesmo do Sr. Biden que já começou seus bombardeiros na Síria e no Iraque recuperando a tradição democrata de mudar à força regimes não compatíveis com as tradições do povo estadunidense, que é como eles entendem a governança global. E ainda pode legitimar um nacionalismo de conveniência desses que se inspiram em Miami e que estão no poder e que sairão em defesa do Brasil contra ingerência externa.
Uma visão internacionalista para ser digna deve ser sempre o que essa dimensão implica: inter-nacionalista, logo, necessita de uma visão nacional consciente de sua contribuição universalista.
Esse momento de caos sistêmico exige o máximo de lucidez.  Não basta a indignação.  
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Leia o Manifesto
MANIFESTO VIDA ACIMA DE TUDO “Vivemos tempos sombrios, onde as piores pessoas perderam o medo e as melhores perderam a esperança.” Hannah Arendt
O Brasil grita por socorro.
Brasileiras e brasileiros comprometidos com a vida estão reféns do genocida Jair Bolsonaro, que ocupa a presidência do Brasil junto a uma gangue de fanáticos movidos pela irracionalidade fascista.
Esse homem sem humanidade nega a ciência, a vida, a proteção ao meio ambiente e a compaixão. O ódio ao outro é sua razão no exercício do poder.
O Brasil hoje sofre com o intencional colapso do sistema de saúde. O descaso com a vacinação e com as medidas básicas de prevenção, o estímulo à aglomeração e à quebra do confinamento, aliados à total ausência de uma política sanitária, cria o ambiente ideal para novas mutações do vírus e colocam em risco os países vizinhos e toda a humanidade. Assistimos horrorizados ao extermínio sistemático de nossa população, sobretudo dos pobres, quilombolas e indígenas.
O monstruoso governo genocida de Bolsonaro deixou de ser apenas uma ameaça para o Brasil para se tornar uma ameaça global.
Apelamos às instâncias nacionais – STF, OAB, Congresso Nacional, CNBB – e às Nações Unidas. Pedimos urgência ao Tribunal Penal Internacional (TPI) na condenação da política genocida desse governo que ameaça a civilização. 
 

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