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Trabalhadores dos bananais equatorianos enfrentam gigantes

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Por IELA em 28 de fevereiro de 2018

Trabalhadores dos bananais equatorianos enfrentam gigantes

Jorge Acosta, líder dos trabalhadores sofre ameças de morte

Movimentos Sociais do Equador denunciam ameaças de morte que estão sendo feitas a Jorge Washington Acosta Orellana, Coordenador Geral da Associação Sindical de Trabalhadores Agrícolas Bananeiros e Camponeses (ASTAC). Segundo denuncia protocolada na Fiscalía General do Estado (espécie de Ministério Público), Jorge conta que tem recebido ligações telefônicas nas quais uma voz feminina anuncia: “Tu sabes como morrem os sapos?” Ele argumenta que essas ameaças estão acontecendo por conta do trabalho que desenvolve junto aos camponeses, discutindo seus direitos trabalhistas e denunciando empresários que não os cumprem. Muitos deles já receberam fiscalização do estado e agora buscam intimidar o lutador social. 

proibidos de entrarem nas fazendas, sindicalistas conversam com os trabalhadores na beira das estradas

A Astac é uma entidade que nasceu em 2007 justamente para organizar os camponeses da região de Los Rios, onde estão as principais fazendas de plantação de banana, em ação desde há 80 anos. Pelo menos cinco grandes empresas – algumas multinacionais –  dominam o setor de produção e exportação. Naqueles dias a principal luta era contra as fumigações de pesticida realizadas de forma indiscriminada e sem qualquer proteção para os trabalhadores e moradores locais. Segundo Jorge Acosta muitos dos trabalhadores também vivem sob formas muito similares à escravidão, sujeitados aos ditames dos patrões e aos barracões que consomem os recursos antes mesmo que cheguem às mãos dos trabalhadores. Também há denúncias sobre as condições precárias nas quais vivem os trabalhadores dentro das fazendas. 
No Equador estima-se que existam 216 mil hectares de plantação de banana e um total de 60.500 trabalhadores no setor. Cerca de 250 mil hectares correspondem às grandes fazendas que mantém o número maior de trabalhadores, muitos deles terceirizados, principalmente os que são responsáveis pelas fumigações. Segundo dados do Ministério da Agricultura, cerca de seis mil propriedades produzem mais de cinco milhões de toneladas da fruta.
Mais de 500 mil pessoas vivem na região bananeira e estão submetidas aos efeitos nocivos das fumigações. Conforme estudos do pesquisador da Saúde, Jaime Breilh, as fazendas equatorianas utilizam de 44 a 65 quilos de pesticidas, enquanto no restante do mundo a média é de dois quilos. São dois milhões e meio de quilos de veneno jogados ao ano, sem qualquer proteção às gentes, que, nos últimos anos têm apresentado uma série de doenças, entre elas, o câncer, como resultado desse processo.
A Astac ainda não tem registro legal junto ao governo, que vem se recusando a reconhecer a entidade como representante dos trabalhadores usando como argumento o fato de que a associação não especifica quem são os empregadores. Como o setor bananeiro é importante na balança comercial, os governante tem preferido se fazer de surdos às demandas dos trabalhadores, fortalecendo o empresariado do setor. Nessa quarta-feira, movimentos sociais da região de Los Rios realizam uma coletiva de imprensa para deunciar as ameaças sofridas por Jorge.
Essas são as condições de moradia dos trabalhadores dentro das grandes fazendas, conforme vídeo feito pela Astac.

Video of COMO VIVEN LOS TRABAJADORES BANANEROS DE ECUADOR DENTRO DE UNA HACIENDA

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