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Venezuela: o golpe está a caminho

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Por IELA em 31 de outubro de 2016

Venezuela: o golpe está a caminho

Desde que teve início a chamada “guerra econômica” promovida por empresários e lideranças de oposição, que o presidente Nicolás Maduro tem realizado tentativas de conversa para estabelecer acordo. Mas, a oposição preferiu apostar na sua capacidade de organização e força. Assim, a “guerra” continuou, bem como o processo de desestabilização. 
As lideranças de oposição buscaram construir a possibilidade de um plebiscito revocatório, para tirar maduro do governo, mas o recolhimento de assinaturas estava eivado de fraudes. Por conta disso, o poder eleitoral indeferiu a proposta de plebiscito. 
Sem o recurso do plebiscito, a oposição decidiu dar um golpe parlamentar e, num domingo, em chamada extraordinária, a Assembleia Nacional decidiu abrir um processo contra Maduro, acusando-o de ferir a Constituição por não chamar a consulta popular. Como têm maioria, os deputados aprovaram o documento que abre juízo. Uma espécie de impedimento, ao estilo do que já aconteceu em Honduras, Paraguai e Brasil. 
Como o poder eleitoral já mostrou as provas das fraudes cometidas pelo movimento de oposição na colheita de assinaturas para o plebiscito, o governo não reconhece qualquer violação à Constituição. Pelo contrário: quem cometeu crime foi a oposição ao fraudar o processo de plebiscito.
Mas, os fatos são o que menos interessa na guerra midiática que tomou forma fora da Venezuela. Através da CNN em espanhol, as informações que se divulgam são as que provêm da oposição e elas vão formando um consenso generalizado de que Maduro é quem é o autoritário, o ditador, o louco. No Brasil, essas informações são também repassada à exaustão, a ponto de boa parte da população ser capaz de reproduzir essa “verdade”, sem que seja dada qualquer matização. Se há erros do governo Maduro na condução dos problemas internos, também há crimes e irregularidades por parte da oposição. Só que ninguém quer saber de compreender a realidade. Tem uma batalha em disputa e a oposição venezuelana conta com aliados poderosos. Afinal, o que está em jogo são as gigantescas reservas petrolíferas do país.
Na semana passada, o movimento oposicionista ocupou as redes comerciais de TV e as redes sociais chamando a população para a rebeldia. Derrubar o governo Maduro nas ruas. Foram realizadas grandes marchas e ficou marcado um dia de greve geral, que marcaria a derrocada. Os líderes da oposição convocaram os venezuelanos para não ir trabalhar na quinta-feira, dia 27. 
A resposta da maioria população foi não acatar a greve da oposição. Os trabalhadores foram para seus postos de trabalho e os estudantes foram estudar, seguindo por sua vez o chamado do governo para que a Venezuela seguisse sua caminhada. Na sexta-feira, dia 28 foram realizadas outras grandes marchas de apoio ao governo.
O presidente Maduro, no final de semana, abriu novamente um canal de diálogo com a oposição. Está disposto a sentar e conversar. Mas a MUD (Mesa de Unidade democrática), que representa a oposição já respondeu que não participará de nenhuma negociação porque, segundo seus integrantes, o governo está bloqueando as vias pacíficas para superar a crise. Ainda assim, na manhã dessa segunda-feira foram instaladas quatro mesas temáticas, com a participação de representantes do Vaticano e da Unasur. Setores da oposição estão participando. 
A oposição mais acirrada, representada pela MUD, tem se recusado sistematicamente a comparecer às mesas de diálogo, enquanto divulga aos quatro ventos que é o governo que não quer negociar. Agora, está anunciando para amanhã, dia primeiro de novembro, o dia em que será aberto o juízo parlamentar contra Maduro na Assembleia Nacional e igualmente já marcou o dia 3 de novembro como a data em que os deputados levarão até Miraflores, a carta de demissão do presidente. Ou seja, nem realizaram a reunião no parlamento, mas já sabem o resultado.
Partidários do movimento bolivariano se preparam para mais um momento de resistência, dos tantos que já viveram nesses 17 anos de governo, e anunciam grandes movimentações diante da Assembleia Nacional amanhã. Também se dizem preparados para enfrentamentos no dia 3, quando prometem cercar Miraflores.
Essa será novamente uma semana de muita tensão na Venezuela. O golpe está a caminho.
 

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