Venezuela: nuevo mandato de Nicolás Maduro
Texto: Rafael Cuevas Molina
Aguarde, carregando...
O papagaio, segundo especialistas, é considerado uma ave inteligente, assim como os corvos, e são, até mesmo, capazes de imitar sons, mas não de falar, o que já implicaria estruturas mais complexas só possíveis a outros animais. Há um papagaio que anda por esse Brasil afora inaugurando suas lojas com estátuas da Liberdade com mais de 40 metros e, pouco se diz, estátuas essas erigidas sobre imitações da Casa Branca, símbolo do poder estadunidense, a quem deve obediência, diga-se de passagem, voluntária. E o faz de verde e amarelo talvez recuperando, sem o saber, o significado de brasileiro lá do período colonial, a saber, o nome que se dava em Portugal ao português que voltava rico por explorar o Brasil.
Era brasileiro tal e como o mineiro que vive de explorar as minas ou o madeireiro que vive de explorar a madeira. Aliás, não é comum adjetivos pátrios que derivam em eiro, sendo brasileiro, como se vê, um caso raro.
Há de se perguntar aos bons linguistas porque nossas elites optaram por esse adjetivo pátrio e não por brasiliano ou brasilense que também estão dicionarizados. Será que, assim, como brasileiro, não se esconde sua verdadeira face de quem vive de explorar o Brasil? É, no mínimo, creio, uma boa hipótese de pesquisa.
Recentemente passou a circular na imprensa a informação sobre a festa que se tornou grandes exportadores brasileiros terem mais tempo para especular com os dólares mantendo-os no exterior. Enfim, os exportadores de matérias primas elaboradas para exportação com tecnologias de ponta, prática que, diga-se de passagem, cada vez mais fazemos repetindo o que fazemos há 500 anos, usam os recursos naturais e humanos do nosso território, com toda a logística nele implantada, para obter dólares com que especulam no exterior em grande parte em paraísos fiscais. Enfim, o Brasil é um bom negócio, um território ocupado sem intervenção externa face a colonialidade que continua a dominar a mentalidade e as práticas de nossas elites, apesar do fim do colonialismo.
Como informa o portal do Grupo Havan, o grupo foi fundado em 1993, um ano antes do Plano Real. Em 1994, o setor industrial era responsável por 24% do nosso PIB. Graças aos governos que, desde então, se sucederam o PIB derivado do setor industrial caiu para 10%, ou seja, ficou reduzido percentualmente a 40% do que era em 1994 e, desde então, o agro que é tech passou também a ser (o agro é) tudo. Em suma, caminhamos em direção à ponte para o futuro do passado, mais uma vez com latifúndios monocultores de exportação usando tecnologias de ponta como eram os engenhos de açúcar no século XVI. Já naquela época o agro era tech e os engenhos eram a tecnologia de ponta (up to date).
Como não podia deixar de ser, com tantas medidas para facilitar as exportações de matérias primas agrícolas e minerais, como a Lei Kandir (lei complementar nº 87 de 13 de setembro de 1996), o Brasil se tornou uma verdadeira plataforma de exportação-importação, o que muito contribuiu para a queda do setor industrial na composição de nosso PIB, ensejando que surgissem grupos como o Havan que vivem de importar produtos industrializados num país onde “exportar é o que importa”.
Como papagaio imita sons, mas não fala, isso implica dizer que reproduz a cabeça alheia e, por isso, sai por aí brandindo a liberdade contra a ditadura comunista chinesa de onde continua sendo grande importador para suas mais de 120 lojas em mais de 20 estados brasileiros. E tudo isso em verde amarelo em defesa da (sua) ordem e (de seu) progresso recobrindo a Cada Branca com a estátua da Liberdade. Ah, e com o dinheiro em contas bancárias no exterior, inclusive em paraíso fiscal. Afinal, o dólar é que importa, aliás não se importa, pois, cada dia mais se mantém mais tempo fora do país pois se transformando em real, logo logo se desvalorizaria e sua desvalorização frente ao dólar é uma das chaves do desenvolvimento do subdesenvolvimento, conforme a preciosa tese de André Gunder Frank. Quem foi que disse que o subdesenvolvimento (a dependência) não se desenvolve? Enfim, conforme o poeta “o Brazil não merece o Brasil” (Aldir Blanc). Reinventemo-lo, pois.
Texto: Rafael Cuevas Molina
Texto: Elaine Tavares
Texto: Cristóbal León Campos
Texto: IELA
Texto: Elaine Tavares