Gabo e a América Latina

Foto: Ricardo Conceição

“A história da  América Latina abrange uma sorte de dramas que estão condenados ao esquecimento. Cabe ao escritor colocá-los à luz” 
A obra de Gabriel Garcia Márquez foi discutida na abertura das Jornadas Bolivarianas pelo ex-reitor da Universidade Nacional da Colômbia, Victor Moncayo. Segundo ele, o discurso literário, seja ele qual for, sempre tem uma ligação com a realidade, por isso é importante observar o mundo a partir desse olhar. “É sempre uma interpretação, mas que, sem dúvida, dá conta da realidade”. Para Victor, a literatura é uma adivinhação sobre o mundo, por isso defendeu que a  escrita de Gabo nada tinha de irreal ou fantasiosa. “Ele nunca escreveu nada que não estivesse ancorado na vida mesma”.
Falando sobre a família do escritor, ele lembrou que toda a vida de Gabo foi marcada pelos acontecimentos políticos e sociais da Colômbia. “Seu avô tinmha peleado na guerra dos mil dias, a que os Estados Unidos tirou o Panamá da Colômbia. Ouvia as histórias que ele contava e construia mundos com isso. Depois, vivenciou esse acontecimento que mudou a cara da Colômbia, que foi o assassinato de Jorge Gaitán. Ele caminhou pelas ruas sujas de sangue,  ele viu todo o desencadear da violência. E fez uma opção: de manter viva a história real que está oculta”.
A partir daí toda a obra do escritor colombiano se deu em cima das lembranças e vivências que tinha de seu país. Hoje, a Colômbia, ou seus governantes, vivem de se aproveitar do mote que o país é berço do realismo mágico e isso é um absurdo, insiste Moncayo. “O que Gabo fez foi narrar a realidade, e se ela apresenta aspectos mágicos, isso não significa que a Colômbia seja uma maravilha, como querem fazer crer os governantes”. Moncayo lembrou que desde o final dos anos 40, o país vem sendo atravessado por lutas internas, fruto da violência do estado.   
A conferência de Victor Moncayo em breve estará disponível em vídeo.