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Guatemala vai às urnas

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Por Elaine Tavares em 22 de junho de 2023

Guatemala vai às urnas

Candidata Sandra Torres  – Foto AP/Moises Castillo

O povo guatemalteco vive o processo eleitoral neste domingo, dia 25. Elegerão presidente, vice-presidente, membros do Congresso e outras autoridades locais. Serão 22 candidatos disputando a presidência do pequeno país da América Central, que tem pouco mais de nove milhões de eleitores numa eleição marcada por polêmicas na inscrição dos candidatos que gerou até judicialização do processo.

Houve quem foi aceito sem estar dentro das regras, houve quem foi retirado e depois reincorporado e pelo menos quatro duplas ficaram de fora da eleição por problemas na inscrição entre elas a de Carlos Piñeda e Efraín Orozco, do partido Prosperidad Ciudadana que figurava como primeiro lugar nas primeiras pesquisas e também a candidatura de Thelma Cabrera, mulher indígena. Essas questões podem complicar as coisas aumentando a abstenção, mas ainda assim espera-se que a participação no pleito ultrapasse os 62% da última eleição em 2019.

Na Guatemala não há a possibilidade de reeleição e ganha quem levar 50% mais um dos votos. Caso isso não aconteça haverá um segundo turno no dia 20 de agosto.

Dos 22 binômios, apenas três estão no espectro da esquerda ou progressista: o Movimiento Semilla, a coalizão URNG-Maíz mais o Movimiento Político Winaq, e opartido VOS. Estas três forças apostam em propostas anti-corrupção, defesa dos direitos de grupos vulneráveis e populações indígenas, bem como no fortalecimento da democracia.

Mas, apesar de todas as lutas dos movimentos sociais para garantir justiça no rastro de longos anos de violência, massacres e desaparições levados a cabo por governos de mão-dura, são justamente os candidatos mais conservadores, com propostas parecidas com a de Bukele em El Salvador, que estão à frente nas pesquisas. A liderança está com Sandra Torres, ex-primeira dama no governo de Álvaro Colóm (de corte assistencialista), seguida do ex-diplomata Edmond Mulet e, correndo por fora, Zury Ríos, filha do ditador Efraín Ríos Mont, que defende a pena de morte para criminosos comuns.

Desde Jacobo Arbenz Guzmán, em 1954, nenhum outro presidente de esquerda governou a Guatemala. O golpe de estado que derrubou Arbenz levou a uma sequência de governo militares e gerou uma guerra civil que durou mais de 36 anos. A guerrilha encerrou atividades em 1986 e desde aí houve apenas dois hiatos de governos socialdemocratas, justamente em 1986 e depois em 2008. Os últimos governantes estiveram ligados à direita conservadora.

Sandra Torres, por estar vinculada a um destes governos socialdemocratas, o de Colóm, é a que aparece menos ligada a casos de corrupção e por isso mesmo está na dianteira. Mas, há que considerar a contaminação que a ideologia de mão-dura do governo de El Salvador tem registrado.

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