Oposição vence em Granada

Foto: National Democratic Congress of Grenada, Carriacou and Petite Martinique

O advogado Dickon Mitchell, de 44 anos, líder do partido Congresso Nacional Democrático (NDC em inglês), de corte socialdemocrata, venceu as eleições na última sexta-feira, como o novo primeiro ministro de Granada, Carriacou e Pequena Martinica.
Em Granada o processo acontece primeiro com a eleição geral dos membros da Câmara de Representantes e depois, os membros eleitos escolhem o primeiro ministro. 87 mil pessoas estiveram aptas para votar e elegeram os representantes dos 15 distritos da ilha.
Já a escolha do primeiro-ministro é feita no Congresso Nacional e Dickon recebeu nove dos 15 votos que conformam a Câmara de Representantes vencendo assim o atual governante, Keith Mitchell, do Novo Partido Nacional (NNP), que disputava o sexto mandato. 
Dickon Mitchell assumiu a liderança do partido há oito meses e foi a primeira vez que ele apresentou seu nome nas eleições gerais. Nas eleições de 2003 e 2018  Keith havia vencido por 15 a 0 e desta vez foi surpreendido pelo jovem advogado. Keith tem 75 anos e era o político granadino com mais tempo no poder. 
Na campanha, o NNP sugeria que Dickon seria muito jovem para comandar o país, mas isso acabou sendo decisivo para a mudança, e os granadinos preferiram abrir-se para o novo. 
Granada é uma ilha do Caribe conhecida como a “ilha das especiarias” pela sua produção de noz moscada. Invadida pelos ingleses só conquistou sua independência em 1974, mas seguiu ligada a coroa britânica. Em 1979, o Movimento New Jewel derrubou o governo e colocou no poder o líder marxista Maurice Bishop, que empreendeu grandes transformações na ilha, garantindo educação, saúde e participação popular em todas as instâncias. 
O trabalho de Bishop e sua vinculação com Cuba e União Soviética levaram os Estados Unidos a mais uma de suas jogadas midiáticas. Acusando o governante granadino de querer construir uma base soviética na ilha, os EUA incentivaram um golpe de estado em 1983 que deu fim ao sonho socialista, com o assassinato de Bishop. Logo em seguida os Estados Unidos invadiram militarmente a ilha, com seu velho mantra de “levar a democracia”.
Poucos meses depois foi criado o Novo Partido Nacional, com dirigentes alinhados aos Estados Unidos, que ganhou o governo em 1984. Depois disso as tropas estadunidenses se retiraram do país e até hoje Granada segue como uma colônia da Inglaterra – apesar do estatuto de estado autônomo – sendo uma monarquia parlamentarista, tendo como chefe do governo a rainha Isabel II.