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Porto Rico e as eleições

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Por IELA em 13 de novembro de 2020

Porto Rico e as eleições

Manifestações em 2019 levantaram a populaçao

As grandes manifestações populares que aconteceram em Porto Rico no ano passado, depois de serem divulgadas gravações do governador, nas quais ele dizia coisas ofensivas referentes a políticos, artistas e população em geral, foram decisivas para o que aconteceu nas eleições desse ano. Os áudios do governador e mais o desvelamento de atos de corrupção foram o estopim para que milhares de pessoas saíssem às ruas em protestos que duraram dias. A ilha ainda padecia dos estragos causados pelo furacão Maria, que passara em 2017, devastando tudo e matando mais de 4.500 pessoas. Toda a paciência se havia esgotado. Artistas famosos como Ricky Martin e Renê Residente chegaram a comandar passeatas massivas. Porto Rico gritava por mudança.  
Agora em novembro a ilha – que é ainda uma colônia dos Estados Unidos – passou por eleições para escolher o governador e o legislativo. Como já era esperado houve um avanço bastante significativo das forças mais progressistas, com a população fugindo dos partidos tradicionais, o Partido Democrático Popular (PPD) e o Partido Novo Progressistas (PNP).  Ainda que o candidato do PNP, Piero Pierluise, vença para o cargo de governador  – os votos ainda não se contaram todos – pode ser que a capital San Juan passe para as mãos do Movimento Vitória Cidadã. Não bastasse isso uma parcela bem significativa do legislativo terá a presença dos novos partidos que surgiram no rastro das grandes manifestações, tais como o Movimento Vitória Cidadã que, inclusive, passou o Partido Independentista na contagem geral para governador, e o Projeto Dignidade. Tanto o Vitória Cidadã quanto o Dignidade nasceram com a palavra de ordem “contra a corrupção”, a partir da voz das ruas. Se colocam na linha do progressismo, mas sem apontar grandes mudanças estruturais. O Dignidade, de corte religioso, promete crescer.  
Como Porto Rico é, em tese, um estado dos Estados Unidos, a eleição lá também segue as mesmas regras e por isso mesmo a demora no resultado. Hoje, dia 13 de novembro, ainda não se sabe quem vai governar a capital San Juan, e essa é uma batalha que está sendo travada com muita expectativa por parte da população. Até agora o Movimento Vitória Cidadã está na frente e uma vitória na capital poderá ser histórica, mostrando para a população que a luta nas ruas pode mesmo trazer mudanças.  
O Partido Independentista, formado no ano 2000 e que tem uma proposta mais radical para Porto Rico, que é justamente a sua real soberania, também cresceu bastante e teve esse ano a sua melhor performance eleitoral. Isso é considerado igualmente positivo porque até então os independentistas eram um grupo considerado isolado e anacrônico. A luta nas ruas trouxe de volta o grito de liberdade.  
Os jornais de Porto Rico reportam várias denúncias de fraude e a contagem dos votos segue muito lentamente. Ainda não é possível saber quem venceu realmente para governador e para a alcadia de San Juan. A votação está bastante apertada e cada voto conta. De qualquer maneira, ainda que vençam os partidos tradicionais, a ascensão dos demais partidos e sua presença no legislativo vai mudar a forma de fazer política na ilha. 
 

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