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Vitória de Fernando Lugo depende da participação popular

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Por IELA em 16 de abril de 2008

Vitória de Fernando Lugo depende da participação popular
Por Clarissa Pont – Assunção/Paraguai – (Jornal Brasil de Fato)
O candidato progressista Fernando Lugo segue liderando as pesquisas de intenção de voto no Paraguai. Levantamento divulgado pela empresa Ati Snead coloca o político apoiado pela Aliança Patriótica como provável eleito, com 36,52% dos votos, à frente do ex-general Lino Oviedo (com 29,22%) e da candidata situacionista Blanca Ovelar, do Partido Colorado, (24,91% ). Oviedo está em liberdade condicional desde 2007 e ainda pode ser condenado a 10 anos de prisão pela tentativa de golpe de Estado em 1996 contra o então presidente, Juan Carlos Wasmosy.
Essa pesquisa prevê a participação de 80% do eleitorado. No Paraguai, embora o voto seja obrigatório, não há punições previstas em lei para quem deixa de votar. A eleição é definida em um único turno. A disputa mudaria radicalmente em outro cenário, segundo o mesmo levantamento. Se apenas 40% do eleitorado participasse do pleito, Blanca somaria 34,1% dos votos, Lugo ficaria com 31% e Oviedo, com 27,5%.
As pesquisas indicam que Lugo só leva vantagem se mais da metade do eleitorado comparecer às urnas no dia 19. Os prognósticos dos aliados do ex-padre, no entanto, são positivos. Nas eleições de 2003, 65% do eleitorado compareceram às urnas – e esse é o cenário padrão dos institutos de pesquisa para o pleito de 2008. Neste caso, Lugo estaria eleito, com algo entre 33,91 e 35,1% das intenções de voto; Blanca e Oviedo viriam atrás, empatados no segundo lugar.
O fantasma colorado
Movimentos populares como o Tekojoja, que apóia a candidatura de Lugo, temem que a iminência de fraudes nas eleições desestimule a população a participar do pleito. A desesperança e o desencanto com o processo eleitoral, tradicionalmente marcado por fraudes no país, já provocou uma pequena participação de apenas 37% do eleitorado no passado.
“Acreditamos que a candidatura de Fernando Lugo, e este fervor popular que se apresenta nesse momento, pode ser uma alternativa interessante para que o Paraguai entre na modernidade. Nem sequer dizemos que vamos entrar em um governo socialista, apenas na modernidade. E isso já vai ser um passo muito importante”, avalia coordenadora do curso de Antropologia da Universidade Católica de Asunción, Drª Marilin Rehnfeldt.
A possibilidade de fraudes eleitores cresce conforme diminui a diferença entre os dois primeiros candidatos. Os jornais ABC Color e Ultima Hora estampam nas capas matérias sobre o tema e entrevistas com coordenadores da Comissão anti-fraude. O clima no Paraguai é tenso, mesmo faltando uma semana para as eleições. Dirigentes do Partido Colorado distribuem medicamentos em QGs eleitorais de Blanca Ovelar e funcionários públicos acusam o atual governo de coerção à participação em atos públicos e reuniões políticas do partido.
Apesar disso, o clima entre os eleitores de Fernando Lugo é de otimismo com a perspectiva de fim de um domínio do Partido Colorado que já dura mais de 60 anos. “Acreditamos que, pela primeira vez, será possível abrir as comportas de um Estado que estava absolutamente entregue a uma elite determinada e corrupta. Há uma mudança, uma alternativa. Não será precisamente uma mudança profunda e imediata, porque essas mudanças acontecem em um processo de largo prazo. Mas, pelo menos, acontecerá o inicio de uma mudança diferente”, afirma a professora Marilin.
Protestos dos sem-teto A uma semana das eleições presidenciais no Paraguai, o governo do Partido Colorado enfrentou uma grande manifestação que reivindicou mudanças nas políticas de distribuição de moradias para a população. Sem-teto marcharam desde a Praça Itália até perto do Palácio do Governo, no centro da capital paraguaia. A duas quadras do Palácio, a polícia esperava a marcha, houve violência na hora de conter os manifestantes.
As coordenações dos diversos movimentos sem-teto reivindicavam uma audiência com o governo federal, esperaram por meia hora e, sem resposta, ameaçaram bloquear as avenidas Espanha e Marechal López, na região central de Assunção. Desde segunda-feira (15), os manifestantes ameaçavam o governo com o bloqueio e a marcha pretendia chegar na esquina entre as ruas Presidente Franco e Benjamin Constant.
Segundo o dirigente da coordenadoria nacional dos sem-teto, Gilberto Cáceres, a principal reivindicação é a derrubada do Decreto Federal 11.849, que atribui à Secretaria de Ação Social o direito de excluir algumas organizações do programa de regularização de assentamentos e outros programas governamentais. Tais organizações encabeçam a lista de movimentos sociais que fazem campanha contra Blanca Ovelar, candidata à presidência pelo Partido Colorado. A medida é encarada pelas organizações como uma represália à atuação de militantes na campanha de Fernando Lugo.
“Em frente às queixas da população, fecharemos as ruas da região central, só assim os cidadãos podem saber que o responsável por esta manifestação é o presidente da República”, afirmou Cáceres. O movimento reclama o cumprimento de pontos firmados pelo governo em 27 de março na mesa coordenadora da Secretaria de Ação Social: a inclusão de quatro organizações no programa de regulamentação do território nacional, a negociação de 7,5 milhões de dólares para a construção de moradias populares e o fim do decreto 11.849.

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